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Companhia de Pescarias do Algarve - Fábrica

SURGIMENTO  E TRIUNFO DA COMPANHIA DE PESCARIAS DO ALGARVE
Em Julho de 1835, a Associação Mercantil Lisbonense tomou a iniciativa de formar na capital portuguesa uma poderosa organização económica para a exploração de diferentes pescas no regime de economia liberal que tinha como principal objectivo a estimulação da organização de companhias indispensável ao desenvolvimento do país. Criou-se a Companhia de Pescarias Lisbonense.

Os algarvios entenderam que também tinham direito de explorar os primores do mar que banhava o Algarve e a 2 de Dezembro de 1835, reuniram-se cerca de 90 dos melhores valores económicos da Província. José Coelho de Carvalho orientou de forma exemplar os primeiros passos da Companhia até a sua morte em 1856.

Hoje em dia, a Companhia está numa fase de desenvolvimento e diversificação da actividade que passa pela aquacultura em offshore não só na criação de bivalves (mexilhão, ostra portuguesa e vieira) como também na engorda (ranching) de scombrideos e corvina. Também, a Companhia decidiu construir uma Unidade Fabril, em Olhão, destinada à transformação e valorização do seu próprio pescado.

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A empresa construiu em 2010 uma unidade de processamento de pescado, que funciona também como centro de tratamento e expedição de bivalves produzidos em offshore. Paralelamente deu início à instalação de estruturas de produção aquícola em mar aberto (offshore) para a produção de bivalves, prevendo a construção de um novo centro de processamento, transformação e expedição de bivalves e de uma maternidade de ostras, ambas a localizar no Porto de Pesca de Olhão.

Em Julho de 2012, a CPA,SA. alterou o seu core-business, passando a desenvolver praticamente em exclusivo, em resultado da alienação da sua participação na CPA-Atunara,SA., a produção de bivalves em mar aberto (aquicultura offshore). Esta decisão estratégica, prende-se, no essencial, com dois factores: por um lado, pelo elevado risco associado à captura de atum-rabilho (blue fine tuna), tendo presente as condições cada vez mais restritivas no que se refere á captura desta espécie e, por outro, pelo facto da produção de bivalves, em especial de mexilhão e de ostras, se ter revelado, ao longo dos dois últimos anos, uma área de negócio atractiva, promissora, ambientalmente sustentável, relevante numa lógica de retorno accionista e, como tal, portadora de futuro.

A escassez a nível nacional de dados científicos na área das tecnologias de produção aquícola em mar aberto (off-shore), o que, à partida, constituía uma forte restrição ao desenvolvimento desta actividade em Portugal, levou a CPA a investigar e experimentar as tecnologias disponíveis, fazendo um percurso de aprendizagem e adoptando as melhores tecnologias disponíveis a nível mundial, tornando-se por essa via a empresa mais inovadora neste domínio na península ibérica.

A CPA possui competências únicas e sólidas no domínio aquicultura, fruto de um percurso de estudo contínuo, de ligação ao meio científico e académico e de benchmarking das melhores práticas mundiais (Itália, Nova Zelândia), detendo actualmente um elevado potencial de produção de bivalves em estruturas em (offshore), com 14 lotes (cada lote possui uma área útil de 8 km2), localizadas na Área Piloto da Armona (APPAA), prevendo produzir em 2014, aproximadamente, 2.500 ton. de mexilhão, 5.000 ton. em 2015 e atingir, em ano cruzeiro, as 7.000 ton. Em 2013 a empresa criou uma empresa marítimo-turística que oferece uma gama diversificada de serviços, designadamente passeios na Ria Formosa, explorando o meio-marinho, os eco-sistemas e habitats naturais, proporcionando visitas às estruturas offshore da empresa, com degustação de bivalves a bordo de uma embarcação dedicada. Com esta iniciativa, a CPA procura proporcionar experiências únicas aos visitantes do litoral Algarvio, num dos mais belos sistemas lagunares do mundo – a Ria Formosa.

LOGO CPA

A marca é, enquanto elemento distintivo da empresa no mercado, um factor de competitividade, a que a CPA atribui uma importância nuclear, uma vez que lhe permite associar à percepção do consumidor a ideia da qualidade dos produtos. A marca a que está associada a imagem (logotipo) e uma mensagem (Ao mar redes lançar, do mar sabores colher), é portadora dos valores da empresa, uma história que nos transporta para o início do século XIX, se perde no tempo e que está visceralmente associada à tradição e aos desafios que a dureza da vida no mar encerra e à excelência dos produtos diferenciados e únicos do mar do Algarve. Por outro lado, a marca associa esses valores à modernidade e à inovação, presentes nas diversas áreas da empresa, valoriza e dá visibilidade à qualidade intrínseca dos bivalves, nos diversos segmentos de mercado, dando igualmente uma enorme importância aos aspectos associados à segurança alimentar, aspecto crucial nesta área. Não existe risco zero na área alimentar, aspecto reconhecido pela própria Comissão Europeia, mas a CPA persegue esse objectivo de forma incessante.

Em síntese, a CPA está firmemente apostada em desenvolver as suas competências no domínio da aquicultura e do fabrico de conservas, com um objectivo preciso: colocar a produção de bivalves do Algarve e de especialidades de conservas de bivalves e de pescado na agenda internacional. A empresa possui actualmente uma escala significativa, tendo como referência a Península Ibérica, assume a sustentabilidade ambiental como um valor relevante e assume-se como um player europeu de referência na produção de bivalves e de conservas de pescado.

A Companhia de Pescarias do Algarve, SA. (CPA), foi fundada em 1835 com o objectivo de desenvolver a actividade da pesca na região do Algarve. Tendo iniciado a sua actividade com barcos de pescas, procedeu á instalação de uma armação de atum no ano de 1838 (rudimentar face à actual tecnologia) e desenvolveu, em parceria, outras armações de atum, igualmente no Algarve. A Companhia é, provavelmente, na actualidade, uma das empresas de pescado mais antiga do mundo, portadora de uma forte tradição e de uma história única de ligação do homem ao mar. A CPA é responsável pela preservação e transmissão desse valioso legado histórico às próximas gerações.

A partir de finais dos anos sessenta, uma circunstância conjuntural associada à redução da passagem de atuns, na sua rota migratória, durante alguns anos, levou a empresa a suspender a actividade nas armações em 1971 (a de que era proprietária e as parcerias no ano seguinte). Esta situação levou a empresa a fretar as embarcações de pesca que dispunha, “João Neto” e “S. Pedro da Afurada”, situação que se manteve até meados de 2007.

Em meados de 2007, com a entrada de novos accionistas na CPA, com um peso relevante no capital social da empresa, procedeu-se a uma profunda redefinição estratégica, expandindo as áreas de negócio e, em consequência, a sua cadeia de valor, retomando, por um lado, a captura de atum em 2 novas armações e, por outro, expandindo a sua actividade à produção de bivalves em offshore. Esta alteração estrutural desencadeou um ciclo de investimento ainda em curso que ultrapassa já os 13 milhões de euros.

No século XVIII, Portugal vivia uma grave crise no sector da pesca, o que levou o Marquês de Pombal, em 15 de Janeiro de 1773, a promover um conjunto de medidas para restaurar a pesca do atum no Algarve, formando a Companhia Geral de Pescarias Reaes do Reino do Algarve. Para liderar essa Companhia, nomeou, como administrador, João de Carvalho Ferreira, que teve larga preponderância na vida política e económica da região.

Com esta iniciativa do Marquês de Pombal, gerou-se uma dinâmica considerável no desenvolvimento do sector piscatório. A criação do Porto de Pesca de Vila Real de Santo António, foi a expressão dessa renovação da actividade piscatória na região do Algarve.

Em 1830, pela Regência Constitucional na Ilha Terceira, consolidou-se a liberdade da pesca, registaram-se melhorias na situação económica dos pescadores, aumentou-se ainda a produção e diminui-se a importação de peixe seco. O mar começava a ser explorado sob nova orientação. Num quadro de renovação estratégica da política do mar, o decreto da Regência estimulou também a criação de novas empresas, parcerias ou sociedade de pescarias e abriu novos horizontes para a pesca do atum na costa algarvia.

Neste contexto, a Associação Mercantil Lisbonense tomou, em Julho de 1835, a iniciativa de formar na capital portuguesa uma poderosa organização económica para a exploração de diferentes pescas no regime de economia liberal que tinha como principal objectivo o estímulo à criação de companhias geradoras de crescimento do sector das pescas e com impacte no desenvolvimento do país, tendo-se, nesse âmbito, criado a Companhia de Pescarias Lisbonense, onde se inscreveu um número considerável de residentes da região Algarvia, como forma de não ficarem à margem de um processo de dinamização do sector, possibilitando uma exploração mais eficiente dos primores do mar Algarvio.

A 2 de Dezembro de 1835, as forças vivas da Província, reuniram-se numa sala do Hospital de Misericórdia de Faro, assumindo-se essa reunião como um acto fundador da Companhia de Pescarias do Algarve, tendo, de imediato, sido realizada a primeira reunião da Direcção Plena da Companhia, sob a presidência de José Coelho de Carvalho, sendo deliberado: “dividir o Algarve para efeitos de pesca em três distritos administrativos: Lagos, Faro e Tavira”.

Deste modo, José Coelho de Carvalho, homem enérgico, voluntarista, com grande prestígio na região e profundo conhecedor da indústria da pesca do atum pelo seu exercício como administrador, durante mais de 20 anos das “Reaes Pescarias”, foi o grande animador deste movimento, do qual saiu vitorioso. É considerado, por essa razão, o fundador da Companhia de Pescarias do Algarve. José Coelho de Carvalho orientou de forma exemplar os primeiros passos da Companhia até a sua morte, em 1856, sucedendo-se ilustres continuadores, tais como Manuel Joaquim de Almeida (de 1875 até 1889), Frederico Lázaro Cortes (de 1875 até 1888), o Conselheiro José Bento Ferreira de Almeida (de 1896 até 1902) e o Comendador João José da Silva Ferreira Neto (de 1900 até 1935).